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Igreja Católica influencia debate no Parlamento

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) denuncia a intensa pressão da Igreja Católica em vésperas do debate parlamentar sobre a IVG

Hoje, dia 10 de janeiro de 2025, debatem-se no Parlamento várias alterações na lei relativa à Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), em particular o alargamento do prazo de acesso, que atualmente se fixa nas 10 semanas. Vários partidos de esquerda apresentaram diferentes propostas que têm em comum o alargamento do prazo para 12 a 14 semanas e o fim do período de três dias de reflexão entre a consulta e a intervenção. Por outro lado, os partidos de direita já admitiram votar contra essas propostas.   

Porém, dias antes do debate ter lugar, foram várias as tentativas de a Igreja Católica influenciar a discussão que terá lugar na Casa da Democracia. As primeiras influências vieram da Associação de Juristas Católicos, segundo notícia da Agência Ecclesia. Também a Associação dos Médicos Católicos Portugueses se manifestou nas redes sociais, tendo partilhado um comunicado do ano passado, e solicitando aos seus seguidores que contactassem os partidos políticos com assento parlamentar.

Nas vésperas do debate, foram as próprias autoridades eclesiásticas a fazerem-se ouvir: desde Américo Aguiar, passando por vários bispos, até à intervenção da Conferência Episcopal.

Assim, é esta forte pressão política e mediática por parte da ICAR que a AAP vem denunciar, por se tratar de mais um atentado à Laicidade do Estado, uma vez que temos uma religião a influenciar os assuntos de Estado.

Importa acrescentar o seguinte: independentemente da opinião que cada um tenha sobre este tema, a verdade é que ele foi referendado e está legislado por vontade maioritária do povo português. Além disso, mesmo entre os praticantes católicos, um grande número é favorável à IVG, tendo havido, inclusive, movimentos católicos ativistas da legalização deste ato médico.

Tendo tudo isto em consideração, a AAP solicita aos partidos políticos que não se deixem influenciar por pressões de grupos religiosos.